Reunião de trabalho sobre o Sistema de Informação de Coleções de Interesse Biotecnológico (SICol) no escopo do Programa de Biotecnologia e Recursos Genéticos

Local do evento: Auditório do CNPTIA/EMBRAPA (http://www.cnptia.embrapa.br)

Data: 14 a 15 de Maio de 2002

Objetivos da reunião:

  • Apresentar a proposta do Sistema de Informação de Coleções de Culturas (SICol)
  • Estabelecer um consenso com relação aos padrões (campos mínimos) a serem adotados pelo SICol
  • Definir um cronograma de trabalho para a integração dos dados no SICol, tendo como produto o Catálogo Virtual dos Centros de Recursos Biológicos do Brasil
Agenda

Os trabalhos foram coordenados por Ana Lúcia Delgado Assad, Coordenadora Geral de Biotecnologia, Ministério da Ciência e Tecnologia. O evento teve duas partes: a primeira informativa com a apresentação de temas de interesse para a implementação do projeto e a segunda uma discussão sobre as dificuldes e as necessidades das coleções, do ponto de vista da informação, bem como sobre a estratégia de implementação do sistema de informação.

Apresentações

  1. Programa de Biotecnologia e Recursos Genéticos
  2. Feita pela Ana Lúcia Delgado Assad apresentando o Programa de Biotecnologia e Recursos Genéticos coordenado pelo MCT, que tem por objetivo:

    • apoiar a expansão do conhecimento;
    • estimular a criação, expansão e a modernização de indústrias de base biotecnológica;
    • a melhoria de produtos, processos e serviços; e,
    • incentivar a formação de recursos humanos em áreas diversificadas da pesquisa biotecnológica.

    As ações incluem:

    1. Formação e Capacitação de Recursos Humanos;
    2. Expansão do Conhecimento;
    3. Infra-estrutura nacional e suporte ao desenvolvimento da biotecnologia:
      • Coleções de Culturas de Microrganismos e de Células
      • Laboratórios Nacionais
      • Bancos de Germoplasma e Núcleos de Criação Animal
      • Bioinformática
      • Biossegurança
    4. Projetos Inovativos;
    5. Uso sustentável da Biodiversidade;
    6. Cooperação Internacional; e,
    7. Prospecção, monitoramento.
    8. Dentro da ação "Apoio a infra-estrutura de biotecnologia", o MCT está apoiando:
      • Centros de Recursos Genéticos;
      • Coleções de Referências e Serviços;
      • Sistemas de Informação (SICol);
      • Pesquisas Dirigidas; e,
      • Formação e Capacitação em Biossegurança

    9. Sistema de Avaliação da Conformidade de Material Biológico
    10. Em seguida Reinaldo Dias Ferraz de Souza, coordenador do Programa de Tecnologia Industrial Básica/MCT, apresentou a proposta do Sistema de Avaliação da Conformidade de Material Biológico tendo como base um documento técnico sobre o panorama nacional relativo as atividades de metrologia, normalização, regulamentação técnica e avaliação da conformidade aplicáveis a microrganismos elaborado por um grupo de trabalho constituído pelo MCT.

      Mostrou a importância da metrologia, da regulamentação técnica e da normalização nas relações internacionais de comércio. Enfatizou a necessidade de se estabelecer uma rede de centros de serviços no país. Identificou os Centros de Recursos Biológicos (CRB) como sendo a infra-estrutura básica do sistema de avaliação da conformidade de material biológico. Na organização do sistema de avaliação da conformidade de material biológico, os CRB seriam organismos de acreditação, sendo responsáveis pela certificação e participariam do processo de definição das normas, metrologia e regulamentos. Enfatizou também a importância do país "sair na frente" na definição das normas e regulamentos, estabelecendo um sistema adequado à sua realidade e aos seus interesses que, por ser pioneiro, poderia ser adotado como padrão internacional.

      Por fim, indicou quais as ações necessárias na política de fomento para a construção da base técnica para avaliação da conformidade de material biológico:

      • estabelecer critérios que definam as regras de acesso à rede de CRB;
      • desenvolver um sistema de acreditação de CRB, com base em critérios internacionalmente aceitos;
      • identificar e selecionar entidades capazes de exercer as funções de CRB;
      • fortalecimento seletivo dos CRB e criar novos centros visando atender as lacunas existentes;
      • capacitar centros selecionados visando o alcance da qualidade requerida para a acreditação como CRB nacionais;
      • capacitar pessoal técnico específico para atuar tanto nas diferentes funções dos CRB como na acreditação desses Centros;
      • desenvolver e implantar um sistema de informação que possibilite a integração de dados associados aos materiais biológicos existentes em centros distribuídos;
      • desenvolver pesquisas destinadas ao contínuo aperfeiçoamento dos protocolos utilizados pelos CRB;
      • harmonizar os procedimentos laboratoriais.

    11. Panorama Internacional
    12. A seguir, Vanderlei Perez Canhos do CRIA apresentou o panorama internacional de coleções de culturas e a transformação de coleções em Centros de Recursos Biológicos (CRB). Descreveu as ações da WFCC (World Federation for Culture Collections), da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e do GBIF (Global Biodiversity Information Facility). Indicou que é necessário que as coleções tenham qualidade e competência:
      • para a certificação da qualidade
      • em taxonomia, bioinformática e genômica
      • para treinamento
      • para a produção e disponibilização de informação de alta qualidade
      Indicou que é necessário:
      • promover o fortalecimento seletivo das coleções existentes
      • criar novas coleções;
      • apoiar o desenvolvimento de um sistema de acreditação para os CRB;
      • estabelecer um sistema de informação global interoperável, conectando os CRB nacionais; e,
      • harmonizar as políticas para parâmetros operacionais (leis e acordos nacionais e internacionais).
      A criação de um sistema de informação global e virtual de CRB deverá facilitar:
      • o acesso regulado a recursos biológicos;
      • o estabelecimento de padrões e qualidade;
      • a interação entre coleções; e,
      • o compartilhamento de dados.
      Após a apresentação dos trabalhos, houve uma rodada de discussão e debate.

    13. Apresentação do projeto SICol
    14. A segunda parte do programa foi a apresentação do projeto SICol pela equipe do CRIA. Dora Ann Lange Canhos apresentou:

      • a instituição "CRIA", indicando qual o seu papel no estabelecimento de uma rede de CRB;
      • a demanda crescente por informações de qualidade;
      • a iniciativa CABRI (Common Access to Biological Resources and Information);
      • a importância da adoção de campos mínimos comuns, vocabulário controlado e formatos comuns;
      • o objetivo do SICol;
      • os trabalhos desenvolvidos na primeira fase do projeto e o diagnóstico sobre qual seria a arquitetura do sistema a ser desenvolvido.

      Ricardo Scachetti Pereira apresentou a segunda fase do projeto que terá como produto o "Catálogo Virtual". O foco da apresentação foi a proposta do sistema de informação e o protótipo do "Catálogo Virtual" que foi desenvolvido utilizando como exemplo a coleção de culturas de fitobactérias do Laboratório de Bacteriologia Vegetal do Instituto Biológico em Campinas.

      Apresentou os conceitos sobre os diferentes tipos de sistemas de Informação - centralizados, distribuídos e mistos (parte centralizada parte distribuída) - apresentando as características, vantagens e desvantagens de cada um. Apresentou a proposta de estruturação do catálogo virtual no SICol, utilizando inicialmente um sistema misto. Apresentou também o modelo de dados e a arquitetura incremental.

      Em seguida Sidnei de Souza fez uma demonstração do protótipo online, destacando a possibilidade de integrar o SICol com outros sistemas na Internet.

      Foi apresentado o módulo de entrada de dados por meio do envio de uma planilha via Internet. Apresentou também o futuro do sistema que pretende evoluir para um modelo totalmente distribuído à medida que as coleções tiverem capacidade instalada para integrar o sistema interoperável. Concluiu a sua apresentação novamente enfatizando o papel do CRIA no desenvolvimento de sistemas complexos, tornando a interface entre o provedor de dados e o usuário da informação o mais transparente possível.

    15. Apresentação das Coleções Presentes
    16. A próxima etapa da reunião foi a apresentação de cada um dos responsáveis pelas coleções presentes, principalmente sob o ponto de vista de seus sistemas de informação. As seguintes pessoas apresentaram seus trabalhos:

      Pela Embrapa:

      • Sueli Corrêa M. Mello, do Cenargen, apresentou um levantamento feito na Embrapa que identificou um total de 53 coleções existentes em 20 unidades da Embrapa com um acervo de 21.486 isolados. O levantamento também indicou que havia um total de 3 catálogos impressos. Sueli também apresentou o Sibrargen - Sistema Brasileiro de Informação de Recursos Genéticos, cujo objetivo é armazenar e tornar disponíveis as informações sobre recursos genéticos de vegetais, animais e microrganismos disponíveis no Brasil para a pesquisa agropecuária.
      • Rosa Maria Pitard, Curadora da Coleção de Bactérias Diazotróficas da Embrapa Agrobiologia, apresentou o seu sistema de informação que está em Access. Existe uma interface para busca via web mas que no momento não está funcionando.
      • Myrian Silvana Tigano apresentou a Coleção de Culturas de Fungos Entomopatogênicos (CCFE) que está informatizada usando Access, mas que não está disponível na Internet.
      • Rose Monnerat, do Banco de Germoplasma de Bacillus spp. para controle biológico - BGB, apresentou a sua coleção que está totalmente informatizada em Access, mas que não tem acesso à Internet. Rose indicou que precisa atualizar o sistema que já é muito antigo e está dando problemas.
      • Itamar Soares de Mello, da Embrapa Meio Ambiente

      A equipe da Embrapa discutiu a questão da adoção ou não do Sibrargen e o impacto que isso teria ao SICol. Perguntaram a respeito da compatibilidade entre o SICol e o sistema em Oracle. A equipe do CRIA respondeu que, desde que o sistema tivesse os campos mínimos padronizados e uma boa conexão com a Internet seria possível criar interfaces de forma a incluir o Sibrargen como um nó distribuído do SICol.

      Pela FIOCRUZ

      Pelo Instituto Biológico

      Pela Unicamp

    17. Bens Sensíveis e Biossegurança
    18. Péricles Palha de Oliveira, assessor do Departamento de Assuntos Nucleares e de Bens Sensíveis do MCT, comentou sobre as atividades em andamento no departamento, colocando-se à disposição para acompanhar o desenvolvimento de temas ligados à segurança biológica no escopo da implementação do programa da rede brasileira de CRB.

    Discussões

    Após as apresentações deu-se início às discussões em plenária. A proposta inicial era de:

    • avaliar o estágio de informatização das coleções
    • identificar as necessidades das coleções para uma participação plena
    • definir os campos mínimos dos grupos taxonômicos representados pelas coleções presentes
    • definir os campos do cadastro das coleções
    • estabelecer um cronograma de atividades

    1. Informatização das coleções
    2. Para as coleções que estavam presentes à reunião (bactérias, archaea, fungos filamentosos e leveduras) a informatização das coleções é sem sombra de dúvida o maior "gargalo" do projeto. Não existe software "pronto" (como existem para herbários e museus) e a opção de usar o Oracle é muito cara e não se justifica no caso de acervos tão pequenos como são as coleções de microrganismos. As coleções solicitaram do CRIA uma proposta de desenvolvimento de um sistema de domínio público, que atenda às demandas dos diferentes tipos de coleções e que poderia ser desenvolvido em módulos. O primeiro módulo estaria voltado para o registro dos dados sobre as linhagens visando atender a demanda do SICol e a produção de um catálogo. Um segundo módulo seria voltado para o gerenciamento e a rotina da coleção, assim como a documentação da qualidade, visando a rastreabilidade dos processos envolvidos.

      As coleções presentes sugeriram que a equipe do CRIA visite as coleções durante os próximos 3 meses para conhecer os sistemas existentes. A equipe do CRIA se comprometeu a enviar às coleções e ao MCT uma pré-proposta para o desenvolvimento do sistema, que será discutida entre todos os interessados.

    3. Compromisso Institucional
    4. Um segundo ponto muito importante levantado pelo MCT, Finep e pelas próprias coleções é o compromisso institucional. Concluíram que é necessário produzir um documento básico, sintético, sobre o programa e sobre a importância da estabilidade da coleção. Com esse documento serão realizadas reuniões procurando sensibilizar a direção das instituições quanto à importância da coleção e da sua participação no SICol. O objetivo é obter uma declaração da direção de que a coleção se enquadra na missão da instituição.

    5. Alimentação dos Dados
    6. Ainda para a fase de desenvolvimento do protótipo serão enviados os catálogos de uma coleção da Embrapa (a ser escolhida), uma da Fiocruz (INCQS) e o complemento atualizado da coleção do Instituto Biológico (IBSBF).

    7. Campos SICol
    8. Durante a reunião foram determinados quais os campos do catálogo virtual para bactérias e archaea e para fungos filamentosos e leveduras.

    9. Campos do Cadastro das Coleções
    10. O SICol deverá manter um cadastro online das coleções participantes. Os campos serão determinados através de um estudo da informação fornecida por cada coleção no levantamento realizado na primeira fase do projeto. Os campos assim determinados serão apresentados às coleções para análise e modificação.







Ministério da Ciência e Tecnologia, MCT
Centro de Referência em Informação Ambiental, CRIA